CONSCIÊNCIA NEGRA: A IMPORTÂNCIA DA MODA NO PERTENCIMENTO

Nesse mês de novembro um feriado não muito antigo ganha visibilidade. O "Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra" (20 de Novembro) foi criado em 2011, durante o governo de Dilma Rousseff. Essa lei não transformou a data em feriado nacional, assim, os governos de cada estado e cidade do Brasil devem optar por ser feriado ou não. Não pense que a data foi escolhida ocasionalmente, mas sim como forma de homenagem ao líder da luta contra a escravidão, Zumbi dos Palmares, que morreu nessa mesma data em 1970. Desde então a data é essencial para a comunidade negra brasileira, entretanto a força e a luta por anos teve ajuda da moda para ganhar reconhecimento. Algumas são referências a origens de cidades africanas e outras não tão comuns estiveram presente como detalhes de resistência.

Por Di Santinni
21/11/2022 16h29


A FORÇA DOS ORIXÁS E A COR BRANCA



A simbologia do uso do branco para a comunidade negra carrega origens religiosas, principalmente como representação da pureza, paz e leveza. Característica essa que é vista nas roupas das "Mães de Santo" , usada diariamente pelas baianas tradicionais em seus trabalhos. 




A atualização dessa tradição é encontrada hoje na cultura pop, como principalmente, forma de protesto e homenagem aos antepassados. Kamala Harris, primeira vice-presidente mulher e negra dos EUA, usou um look completamente branco em sua primeira aparição depois da eleição, sendo uma forma de comunicação com suas origens e comunidade.




ESTAMPAS QUE CONTAM HISTÓRIAS



Muito antes de vivermos na era da informação e com a escrita desenvolvida a humanidade se comunicava através de gravuras, tornando estampas e cores específicas parte essencial na identificação de códigos e comunidades diversas.




Um dos fatores que tornou a África referência em gravuras e estampas, é justamente por essa identificação de tribos através de pinturas corporais e construções têxteis, carregando até hoje em sua moda autoral elementos geométricos e naturais como parte de conexão com seus antepassados.

Hoje vemos o quão forte essa história se tornou, sendo parte fundamental para diversos designers que buscam essa linha familiar.




TRANÇANDO VIDAS



Existem diversos estilos de tranças utilizadas atualmente, mas para a comunidade negra a história desse penteado possui uma conexão com a manutenção de suas vidas. Durante o período de escravidão no Brasil, o trançado no cabelo era responsável por carregar muito mais do que heranças histocas e sim sementes para garantir uma alimentação futura. 




O trançados era comumente feitos antes da venda de alguma filha para outra fazenda e principalmente como preparação para uma tentativa de fuga, sendo parte de uma possível plantação familiar em casos extremos. A cada trançada sementes de arroz, feijão, milho e muitas outras variações eram depositadas próximas à raiz, assim protegendo para que não fossem confiscadas.


Hoje entender a origem desses elementos é parte fundamental para uma comunidade que constitui mais de 47% da população brasileira, assim como para a eliminação do racismo. Ainda existe muita luta por vir, mas que a cada ano essa data possa ser parte de uma revolução.



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